Estou sendo excluída pelos meus amigos

Desde criança, tive dificuldade em fazer amigos. Sempre fui um pouco excluída, mas no Fundamental 2 isso se intensificou. No oitavo ano, a exclusão foi tão grande que até nos trabalhos escolares me deixavam de lado. Perdi pontos por isso. Faziam festas na sala sem me chamar. Na educação física, quando formavam grupos, eu ficava parada no meio da quadra, enquanto todos jogavam e ninguém me passava a bola. Tenho certeza de que falavam coisas sobre mim pelas costas. Esse período foi difícil. Desenvolvi depressão e precisei de seis meses de terapia.

No primeiro ano do Ensino Médio, depois da pandemia, tive medo de passar por tudo de novo. Me afastei de qualquer pessoa que tentava se aproximar. Só no segundo ano, já com algumas amizades formadas, conheci o Eduardo e a Gih. A Gih sempre foi mais distante, mas o Eduardo rapidamente se tornou meu melhor amigo. No terceiro ano, já o considerava oficialmente meu melhor amigo, e ele me chamava de melhor amiga também. Nós três formávamos um grupo, e para mim, foi uma das melhores amizades que já tive.

Quando o Ensino Médio acabou, em 2023, achei que tudo continuaria igual. No começo, parecia só uma fase de adaptação, mas logo percebi que as coisas estavam diferentes. Comecei a namorar, mas nunca deixei de lado minha vida social. Mesmo assim, Eduardo e Gih passaram a sair juntos com mais frequência sem me chamar. No início, tentei justificar, achando que talvez pensassem que eu estava ocupada com o namoro. Mas então percebi que o Eduardo também namorava, e ainda assim saía com a Gih e o namorado dele. Só eu era deixada de fora.

A virada de 2023 para 2024 deixou tudo mais claro. Eles deram uma festa de Ano Novo e não me chamaram. Isso me deixou confusa e triste. Mesmo tentando arrumar justificativas para mim mesma, ficou óbvio que algo tinha mudado.

Meses depois, a Gih se afastou e ficou um bom tempo sem falar com ninguém. Nesse período, eu e Eduardo voltamos a sair juntos, às vezes com meu namorado, às vezes com o dele. Mas quando ela reapareceu, a situação piorou. Eles voltaram a sair com frequência, e mais uma vez, eu não fazia parte disso. Tentei puxar conversa, chamei para sairmos juntos, talvez os três juntos, mas Eduardo sempre dava desculpas. Quando finalmente saímos juntos, poucas vezes, senti que eles falavam sobre coisas que não compartilhavam comigo. Faziam piadas internas, comentavam sobre rolês que tiveram sem mim.

Ser excluída por pessoas que sempre foram importantes para mim dói. Sempre me esforcei para ser uma boa amiga, presente, compreensiva. Sempre perdoei, ouvi coisas ruins, nunca criei confusão, só para manter as amizades. E agora percebo que talvez nunca tenha tido a mesma importância para eles.

Não quero mais me esgotar emocionalmente tentando fazer parte de algo que talvez nunca tenha sido meu. Por isso, decidi parar de insistir. Respondo o Eduardo com o mínimo necessário, sem tentar forçar nada. Sei que me afastar completamente vai doer, mas é melhor do que continuar me machucando.

Posto isso aqui porque não tenho com quem desabafar. Meu namorado está comigo, mas não consigo falar sobre isso de forma tão profunda com ele. Não sei explicar, mas é como se eu tivesse medo ou vergonha. Então, escrever aqui, para pessoas que não me conhecem, parece mais fácil. Mesmo sabendo que podem me julgar, acho que isso alivia um pouco o peso.